En este cuartito verdolaga voy a meter algunos textos y otras cuestiones afanados de la red así marche presa. Invalorables crónicas. Imprescindibles para acallar un cacho nuestro rezongo cotidiano. Porai, quién te dice, nos apiolamos de una vez.
Sunday, March 22, 2009
Elis Regina - Águas de Março
Letra: Águas de Março
"É pau, é pedra,
é o fim do caminho
É um resto de toco,
é um pouco sozinho
É um caco de vidro,
é a vida, é o sol
É a noite, é a morte,
é o laço, é o anzol
É peroba do campo,
é o nó da madeira
Caingá candeia,
é o matita-pereira
É madeira de vento,
tombo da ribanceira
É o mistério profundo,
é o queira ou não queira
É o vento ventando,
é o fim da ladeira
É a viga, é o vão,
festa da cumeeira
É a chuva chovendo,
é conversa ribeira
Das águas de março,
é o fim da canseira
É o pé, é o chão,
é a marcha estradeira
Passarinho na mão,
pedra de atiradeira
É uma ave no céu,
é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte,
é um pedaço de pão
É o fundo do poço,
é o fim do caminho
No rosto o desgosto,
é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego,
é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando,
é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto,
é uma prata brilhando
É a luz da manhã,
é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia,
é o fim da picada
É a garrafa de cana,
o estilhaço na estrada
É o projeto da casa,
é o corpo na cama
É o carro enguiçado,
é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte,
é um sapo, é uma rã
É um resto de mato,
na luz da manhã
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
É uma cobra, é um pau,
é João, é José
É um espinho na mão,
é um corte no pé
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
É pau, é pedra,
é o fim do caminho
É um resto de toco,
é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte,
é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte,
é uma febre terçã
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
.
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